Niterói-RJ: Estudantes do C. E. Pinto Lima fazem ocupação e Polícia Militar tenta impedir
Nesta terça-feira, 10 de maio, estudantes do Colégio Estadual Pinto Lima (CEPLIM) ocuparam a escola pela manhã, antes da chegada dos funcionários e a direção. Ainda pela manhã a Polícia Militar chegou exigindo a entrada, mas os estudantes não permitiram.
O C. E. Pinto Lima possui a particularidade de dividir a mesma entrada com a escola deficientes Anne Sullivan. No entanto, os estudantes acordaram com a direção deste outro colégio de que os funcionários, diretores e alunos não seriam impedidos de entrar, pois a ocupação era exclusiva para o C. E. Pinto Lima.
A entrada deu-se de forma tranquila e a medida que os alunos iam chegando, começavam a ajudar na arrumação da escola. Os funcionários e alunos da escola Anne Sullivan também entraram sem restrições.
Ainda pela manhã, o diretor chegou na escola e no momento que os alunos abriram o portão para a entrada de outros estudantes, o diretor forçou a entrada, empurrando alguns alunos. Os estudantes não o impediram para evitar maior truculência.
Pouco tempo depois chegou a Polícia Militar que tentou forçar a entrada. Um PM chegou a tentar impedir que um aluno fechasse o cadeado do portão, mas esse acabou conseguindo. A polícia fez ameaças de prender várias pessoas que estavam na escola, como estudantes maiores de idade, professores e nosso jornalista do CMI-Rio convocado para fazer o registro do primeiro dia de ocupação.
Um estudante chegou a ser detido enquanto tentava entrar na ocupação, ele havia saído para comprar um cadeado. Um policial o abordou e o empurrou com força para a viatura. Apesar de ele ter sido levado pelo carro da PM, não chegou-se a dar entrada na delegacia. Segundo o estudante, ele foi levado até a porta da 76ª delegacia que fica na avenida Amaral Peixoto, mas não chegou a entrar e foi trazido de volta sob o argumento de que a delegacia estava fechada.
A polícia também tentou levar outras duas meninas que estavam saindo para levar os documentos do estudante detido, mas uma delas se segurou na grade e a outra chorava de desespero. Outros estudantes seguravam a menina da grade, enquanto policiais homens a seguravam pelas pernas e puxavam com força. A estudante gritava que estava sendo machucada e os estudantes gritavam pedindo para que os policiais parassem com a violência. Um policial chegou a torcer o dedo de um dos estudantes que segurava a menina. Depois de algum tempo, os policiais desistiram de levar as duas meninas detidas e elas retornaram para a escola muito abaladas.
O argumento para tentativa de incriminação era a de que estes estavam aliciando os estudantes à fazerem a ocupação. Policiais também argumentavam que os pais dos estudantes menores de idade seriam responsabilizados. A polícia também argumentava que a ocupação era uma invasão e que os estudantes ocupantes estavam impedindo a entrada de outros alunos. No entanto, a escola estava cheia de alunos e professores do colégio, e a escola Anne Sullivan estava funcionando.
Em vários momentos o jornalista do CMI-Rio e professores foram ameaçados. Um policial ligou a câmera do celular para filmar e dizia em voz alta que nosso jornalista estava filmando a polícia e, por isso, os ameaçava. Em um outro momento, quando a polícia retornou com mais calma e já não tentava entrar sem autorização, um policial disse que queria conversar, mas sem celulares ou câmeras filmando, mas os estudantes disseram que não conversariam sem ser registrado.
Para evitar que a polícia entrasse na escola sem a permissão dos alunos, a escola ficou trancada até que outros policiais chegassem e garantissem que não entrariam sem autorização. Advogados também chegaram ao local, mas apenas uma conseguiu entrar, os outros foram impedidos pela Polícia Militar apesar de estarem devidamente identificados.
Além dos advogados, a polícia impediu a entrada de diversas pessoas na escola. Ficaram na porta da escola selecionando quem podia ou não entrar até o fim da manhã. Só permitiam a entrada de alunos e funcionários da Anne Sullivan e algumas pessoas que eles decidissem, pois os critérios variavam. Uma estudante grávida foi impedida de entrar. Uma advogada tentou que, pelo menos, deixassem a estudante grávida entrar, mas os policiais não permitiram. Quando alguém era impedida de entrar, os policiais diziam que não podiam entrar pois a escola estava ocupada.
Algumas pessoas ficaram na dúvida se a restrição era feita pela polícia ou pelos alunos. Quando um advogado tentou entrar, um policial entrou na frente e disse que ele não podia entrar, responsabilizando os alunos, dizendo: “são eles que não estão querendo que entre”. O advogado chegou a falar com um professor, mesmo assim a polícia não permitiu a entrada. Um professor chegou a perguntar: “quem é que está me impedindo de trabalhar” e os alunos responderam que era a polícia.
O tumulto durou algumas horas, mas no final da manhã a polícia foi embora e tudo se organizou. As pessoas impedidas de entrar entraram normalmente, inclusive a estudante grávida.
Os estudantes ocuparam em busca de melhorias para a escola e na educação estadual que vem sofrendo cortes pelo governo do estado.