Atualização sobre ocupação da Reitoria da UFF
Quarta-feira 24/08/11 às 16h15min, estudantes ativistas independentes ou vinculados a movimentos diversos, tais como o Movimento Ação Direta (MAD) ocuparam pacificamente o sétimo andar da reitoria da Universidade Federal Fluminense – UFF – na Rua Miguel de Frias, 9, Icaraí, Niterói, RJ, Brasil. O objetivo era abrir um diálogo com toda a comunidade acadêmica e com o povo de Niterói em geral, sobre a imposição de diversos projetos arquitetônicos, entre eles os chamados “Via Orla” e “Via 100”.
Esses projetos foram impostos e estão sendo feitos duma maneira que deixa fora das decisões a maioria das pessoas afetadas (até o pessoal pobre vizinho ao Campus do Gragoatá). Tem toda uma comunidade que seria removida por causa das obras planejadas pelos políticos pra região. A ocupação da reitoria também servia para mostrar rejeição dos alunos à destruição do Laboratório Aroeira, espaço produtor de conhecimento sustentável, esfacelado pelo reitor em mais uma atitude autoritária.
Em vez de negociar com os alunos ocupantes da reitoria, o reitor mandou a repressão da Polícia Federal (sempre serviçal dos políticos e outros ricaços), que chegou com um mandado de reintegração de posse e todo um aparato armado que não costumam apresentar para enfrentar bandidos de verdade, mas estão sempre dispostos a usar contra o povo). Tropas de choque e PM ficaram à porta da reitoria (pois teoricamente a lei os impede de entrar porque a UFF é federal).
Não deu pros estudantes bancarem um enfrentamento pela óbvia correlação de forças que lhes era nitidamente desfavorável. Desceram do sétimo andar e de lá se uniram aos companheiros acampados nos arredores do campus. Entretanto, nem ali puderam ficar, e acabaram sendo expulsos até do pátio.
Mas na quarta-feira seguinte (31/08/11) os alunos retornaram com mais força ao prédio e o ocuparam novamente. Desta vez são cerca de 500 pessoas (segundo informa “Jornal do Brasil” – publicação digital). Elas elaboraram uma pauta com as reivindicações seguintes: gratuidade integral dos cursos pós-graduação da universidade, ampliação das moradias estudantis e do restaurante popular do campus (“bandejão”) e a interrupção do projeto da reitoria, em parceria com a prefeitura niteroiense, de construir duas vias expressas que atravessariam o Campus Gragoatá. Tal projeto, aliás, não foi discutido nem na universidade, sendo aprovado pelo reitor Roberto de Souza Salles sem um estudo do impacto ambiental da obra, dos problemas para a instituição de ensino e para o município. Ou seja, tal iniciativa da Prefeitura de Niterói, em conluio com a Reitoria, é claramente antidemocrática. Com efeito, o reitor não parece mesmo dar valor nenhum à democracia, pois, sobre a gratuidade dos cursos de pós-graduação, por exemplo, em 2010 houve um plebiscito onde 87% dos votos foram favoráveis à gratuidade integral das mensalidades, mas a reitoria não acatou o que a comunidade acadêmica decidiu.
A prática tem demonstrado que só mesmo a ação direta, radical, democrática, corajosa, organizada e persistente pode obter alguma conquista. O desafio agora é aumentar a participação do povo em geral, pois tais projetos da prefeitura vão prejudicar não só estudantes, mas a população toda, principalmente os mais pobres. E sem apoio mútuo, gente, ficará todo mundo ferrado (mais ainda).
Reproduzir este texto, postá-lo em blogs, mandar por e-mail, tudo pode ajudar. Também é válido aparecer na reitoria para dar um alô pros ativistas. Com certeza a solidariedade reverterá para nosso próprio bem.
Organização Popular