Organização Popular na luta em torno da Aldeia Maracanã
Na sexta-feira 9 de novembro, cerca de oito integrantes da Organização Popular marcaram presença na manifestação realizada no fim da tarde e no início da noite na Aldeia Maracanã e em seus arredores em defesa da permanência dos indígenas de diversas etnias no local e de seu projeto de transformar o espaço numa referência sobre as memórias e as culturas dos povos originários do Brasil. O ato, do qual participaram, além dos indígenas, integrantes de movimentos sociais, sindicatos, estudantes e outras pessoas, também foi contra as remoções e demais formas de perseguição ao povo, inclusive no contexto da preparação pra Copa do Mundo de futebol de 2014 e pras Olimpíadas do Rio de 2016, assim como contra a idéia de privatização do Maracanã. A primeira parte do protesto aconteceu na própria Aldeia Maracanã, no prédio ao lado do estádio, e a segunda parte consistiu numa passeata de aproximadamente 500 pessoas em torno do palco maior do futebol brasileiro. A atividade ocorreu num momento em que o governo do estado tem dado passos largos pra derrubar a Aldeia Maracanã e expulsar os indígenas e também pra fechar a Escola Municipal Friedenreich (uma das melhores escolas do Brasil), que funciona dentro do estádio, e pra desativar o estádio de atletismo Célio de Barros e o parque aquático Júlio Delamare.
O espaço onde fica a Aldeia Maracanã já foi sede do Serviço de Proteção ao Índio (SPI) e Museu do Índio e estava abandonado havia muitos anos quando os indígenas o ocuparam, em 2006. De lá pra cá, foram eles, os indígenas, que deram, na prática, função social pro prédio. Desde 2008, professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) que estudam os povos indígenas, apóiam a reivindicação da Aldeia Maracanã, que fica também praticamente ao lado da Uerj. O professor José Ribamar Bessa Freire considera que seria muito importante o espaço se tornar uma referência em termos de culturas indígenas, inclusive pra formar melhor professores não-indígenas da rede estadual de ensino nessa temática. A Defensoria Pública da União fez ações a favor da permanência dos indígenas no local e da preservação do patrimônio arquitetônico e histórico que a construção representa. Mas o governo de Sérgio Cabral, articulado com os governos municipal e federal, já derrubou parte de um muro do espaço, que também teve o fornecimento de água foi cortado.
O empresário Eike Batista, muito próximo das três esferas governamentais citadas e que vem recebendo várias delas benesses, já demonstrou diversas vezes interesse em adquirir o Maracanã. Garoto-propaganda do capitalismo, tem tomado parte considerável do Rio de Janeiro com ajuda do Estado, tornando-as privadas. Muitos consideram que ele e os grandes representantes da especulação imobiliária pressionam fortemente pelo fim da Aldeia Maracanã.
A Organização Popular considera a luta em torno da Aldeia Maracanã muito importante e defende que todos os que se apresentam como apoiadores entendam que os protagonistas nesse contexto devem ser os indígenas.
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