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São Gonçalo-RJ: Estudantes de Rio do Ouro ocuparam mais uma vez a rodovia RJ-106

São Gonçalo-RJ: Estudantes de Rio do Ouro ocuparam mais uma vez a rodovia RJ-106

Março 14, 2016 - 00:00
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Os Colégios Estaduais Dôrval Ferreira da Cunha e o CIEP 126 ocuparam mais uma vez, nesta segunda-feira, 14 de março, a rodovia RJ-106 em Rio do Ouro, São Gonçalo. Fecharam parte da pista, deixando apenas uma faixa livre. Muitos carros passavam demonstrando apoio à iniciativa.

Policiais rodoviários estaduais chegaram para controlar o protesto. A primeira viatura disse que bastava deixar uma pista livre, como já vinha sendo feito pelos manifestantes. Pouco depois, mais uma viatura chegou para tentar retirar o protesto da pista, no entanto, os alunos se mostraram resistentes e conscientes, reivindicando o direito de manifestar.

“A própria população está respeitando a gente e sabe que isso é um direito nosso. Se o senhor visse a situação precária que está a nossa escola… Era para o senhor estar aqui com a gente!” (disse uma aluna do CIEP 126 ao policial)

Saíram depois em manifestação do CIEP 126 em direção ao CE Dôrval Ferreira da Cunha, enquanto viaturas da polícia rodoviária estadual seguiam a manifestação. Durante o caminho continuaram ocupando meia pista da rodovia e gritando músicas como:

“Hoje a aula é na rua!” / “Vem para a rua, vem!”

“Eleição é farsa, não muda nada não. Estudante organizado vai fazer ocupação!”

Alunos do CE Dôrval Ferreira da Cunha reclamaram que a direção não queria liberá-los para participar do protesto, mesmo não havendo aulas. Alguns estudantes pularam os muros para participar do ato. Mais tarde, o mesmo aconteceu com os estudantes que queriam entrar no colégio para almoçar, recarregar o RioCard e/ou pegar seus pertences. Alguns também pularam o muro.

A escola permaneceu o tempo todo fechada que, segundo os alunos, não é o costume, pois devido a falta de porteiros a escola costuma estar sempre aberta. Professores e uma coordenadora também não puderam entrar na escola enquanto ocorria a manifestação dos alunos.

“Não querem deixar a gente sair, nós estamos presos aqui na escola!” (aluno do CE Dôrval Ferreira da Cunha)

“Eles estão impedindo a gente de lutar pelos nossos direitos, não é só para a gente, é para eles também!” (aluna do CE Dôrval Ferreira da Cunha)

“Eu tive que pular o muro porque a diretora saiu e não quer deixar ninguém entrar e ninguém sair” (aluna do CE Dôrval Ferreira da Cunha)

Alunos do CE Dôrval Ferreira da Cunha denunciaram que na sexta-feira anterior, quando uma outra manifestação ocorrera, a diretora do colégio não permitiu que os alunos manifestantes almoçassem: “lembra aquele dia que a gente fez o protesto? Ela deixou a gente sem almoço”, disse uma aluna após a diretora ter dito que não abriria o portão. Uma aluna do CIEP 126 disse que foi impedida de entrar no colégio para beber água pois estava na manifestação.

Sobre a manifestação anterior: São Gonçalo-RJ: Estudantes secundaristas do Rio do Ouro ocupam rodovia em protesto

Alunos também se queixaram de que não estavam podendo recarregar o RioCard para retornarem para suas casas, impedidos pois o colégio estava trancado. Mesmo uma aluna que foi com a intenção de assistir aula, foi impedida e estava preocupada de não poder recarregar o RioCard para retornar para casa.

“Eu moro em Tribobó como eu vou voltar para casa andando? Não estão deixando entrar dentro da escola. Como é que eu vou para casa?” (aluna do CE Dôrval Ferreira da Cunha)

A recarga diária do RioCard tem sido uma das formas de barganha que os diretores têm utilizado para tentar convencer os alunos a não protestarem. No dia 02 de março, alunos do CE Aurelino Leal em Niterói também foram ameaçados de não poderem recarregar o RioCard. Outros alunos denunciaram que a merenda também tem sido utilizada como ameaça. Alunos do Liceu Nilo Peçanha em Niterói disseram que a direção os ameaçou de punição.

Leia mais sobre: Niterói-RJ: Ato dos estudantes secundaristas ocupa Centro da cidade

As principais reivindicações dos dois colégios do Rio do Ouro são: o sucateamento dos prédios e falta de manutenção, como banheiros em péssimas condições e quadras deterioradas, falta d'água, falta de material básico didático e para o seguimento das aulas, como canetas para os professores, cartolinas e mesmo papel.

“O professor pede para tirar foto de texto para estudar em casa, porque não está tendo folha” (alunas do CIEP 126)

Alunos também reclamaram da falta de ar condicionados e ventiladores, pois a maioria ou não tem ou estão com defeito. Uma mãe de aluno reclamou da má qualidade da merenda escolar e alunos afirmam que a merenda não é suficiente.

Há também a falta de professores. Alunos disseram que nunca tiveram aula de educação física, nem de informática e que não tiveram aulas adequadas de artes. As escolas não possuem laboratórios de informática e acesso à internet.

“Na escola a gente não tem conforto nenhum. Nem água tem e nem comida de qualidade.” (aluno do CIEP 126)

Leia mais sobre a luta dos estudantes secundaristas do estado do Rio de Janeiro

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